Ilha de Creta (Grécia)

Por Monica Barros

Na seção “O Leitor Viaja” de hoje, a querida Monica Barros divide com a gente um de seus momentos preferidos durante sua viagem à Grécia, a visita à Ilha de Creta. Vem saber mais sobre esse paraíso. A Monica conta em detalhes, nesse relato delicioso, tudo para ajudar na sua viagem até lá! Confira:

Foto de Monica Barros

Falar resumidamente de Creta não é tarefa fácil pois trata-se da maior ilha grega.

Localizada bem ao sul do mar Egeu, é a mais distante de Atenas. Cercada por alguns mitos, o maior deles o do Minotauro*, é uma ilha com muitas facetas e muitos atrativos, desde praias incrivelmente belas a sítios arqueológicos importantíssimos. Portanto, uma estadia de pelo menos 4 a 5 dias é o ideal para explorar de leste a oeste, norte a sul.

*O Minotauro (touro de Minos) é uma figura mitológica criada na Grécia Antiga. Com cabeça e cauda de touro num corpo de homem, este personagem povoou o imaginário dos gregos, levando medo e terror. De acordo com o mito, a criatura habitava um labirinto na Ilha de Creta, que era governada pelo rei Minos. 

No mapa abaixo, o ponto A indica Atenas e o B a Ilha de Creta. A ilha possui aeroporto, o que facilita o acesso até ela.

Estivemos lá em setembro de 2012, época de muito sol e calor e não tão lotadas pelos turistas.

Nós alugamos um carro, fundamental para se deslocar bem por lá, e chegamos na ilha de avião vindo de Atenas até Chania, no lado noroeste de Creta, que seria nossa base durante 2 dias. Nossa intenção era conhecer Old Town, o centrinho de Chania que lembra Veneza (até porque foi dominada por eles durante um período), e as lindas praias e lagos da região. O legal de Creta é que as estradas que levam de um lugar ao outro vão percorrendo grandes montanhas, cavernas, desfiladeiros e o litoral. Então só o passeio de carro já é uma viagem inesquecível.

Foto de Monica BarrosNossa primeira parada foi na paradisíaca praia de Elafonisi, no sudeste da ilha. A sensação ao nos depararmos com a cor e beleza daquele mar translúcido foi a de ter chegado no paraíso. Me apaixonei por essa praia,  sem dúvida uma das mais lindas que já vi na vida.As águas são super gostosas e toda a praia tem estrutura de barracas, espreguiçadeiras e bares. Também é possível usar o snorkel.

A praia fica quase encravada nas montanhas, chegar lá demora um pouco (cerca de 70km de  Chania), mas vale cada quilômetro rodado. A verdade é que não tenho palavras para dizer o quanto amei esse pedacinho do céu. Na volta da praia, mais paisagens estonteantes. Vimos plantações de berinjelas pelo caminho, tomatinhos cereja deixados ao sol para secar, e claro, oliveiras.

Retornamos para o centrinho de Chania já no fim da tarde, a fome era grande e nada melhor do que começar a provar a culinária local, que muito se mistura com a cozinha turca também. No restaurante com a vista para lindo farol do porto veneziano comemos uma moussaka. É tipo um escondidinho, mas de berinjela, muito comum por lá.

Como quatro dias para ver tudo o que queríamos em Creta era pouco, não pudemos ir na outra praia considerada uma das mais lindas e mais visitadas, Balos Beach, que fica antes de Elafonisi. Taí um ótimo motivo para voltar! 🙂

No dia seguinte, estávamos ansiosos para conhecer o Kournas Lake, a meia hora de Chania. Um lago não muito profundo cercado por montanhas. É um local altamente frequentado pelas famílias da região, ideal para passar o dia, fazer um piquenique ou até mesmo almoçar. A cor da água desse lago é estonteante devido a sua mistura de tons, o que é um grande convite a um passeio de pedalinho, que foi o que fizemos. Muitos patinhos e gansos se aproveitam de suas águas também. Uma graça!

Não ficamos para o almoço porque nossa próxima parada ficava um pouco mais distante e queríamos aproveitar bem o dia. Seguimos então para a inacreditável cidade de Fragkokastello (outra forma de escrita desse nome é Frangokastello), também no sudeste mas já próximo ao meio da ilha.

Foto de Monica Barros

Chegar lá é o que chamamos de estrada “com emoção”, pois o caminho passa por muitas montanhas para atravessar a ilha e, na reta final do percurso é preciso descer um abismo de curvas por uma estradinha super estreita e toda feita de curvas.

Necessário ser um bom motorista e ir com cautela. Porém, como a gente vem descendo lá do alto, já avistamos ao longe a praia, e isso faz com que a vontade de conhecer o lugar seja maior que o medinho. Que vista se tem dessa estrada!

No mapa abaixo, o ponto A é Chania, o B é o Lago e o C é a praia:

Chegando lá, é incrível ver de um lado montanhas tão áridas e do outro o mar de um tom belíssimo, convidativo. Trata-se do Mar Líbio, pois Creta já fica próxima da costa do Egito e Líbia.

Além da praia, a outra atração famosa é o Forte Veneziano de Fragkokastello, de 1371, que fica literalmente na praia. O forte está em ruínas, que estão abertas para visitação. Não entramos, ficamos na praia curtindo o mar um pouco geladinho, mas irresistível.

Já no fim da tarde, almoçamos lá mesmo, no Restaurante Ostria. Camarões enormes, preço barato e a melhor vista que se pode ter na vida!

Essa é uma taverna bem típica grega, pintada de azul e branco, com lindos enfeites e bouganvilles, e mesas voltadas para o mar num azul a perder de vista.

Voltamos para o último pernoite em Chania.

A noite lá é bastante animada, todos os barzinhos e restaurantes em frente ao porto ficam cheios, com música tocando e atendimento de primeira. A simpatia dos gregos é um capítulo à parte, os mais cordiais que encontramos, sempre agradando. Ficamos maravilhados ao ver que nos restaurantes, após pagar a conta, eles sempre oferecem uma cortesia, seja uma sobremesa, um prato de frutas ou uma garrafinha de licor!

No terceiro dia em Creta deixamos Chania e seguimos rumo a Heraklion, onde passaríamos mais 2 noites. Fizemos algumas paradas no caminho, como o Porto de Rethymnon e Sfakion.

Veja o trajeto no mapa abaixo:

Existem muitos sítios arqueológicos na ilha.

O primeiro em que fomos foi Festos (Faistos), no Vale de Messara. No local havia um palácio de cerca de 2 mil a.c. Somente em meados do século 19 esse sítio arqueológico foi descoberto. A visitação é possível das 8h30 às 15h, mas é do alto da montanha do lado de fora do sítio que se tem uma ótima visão e uma boa noção da dimensão dessa antiga construção. É bom ter cuidado com o sol nessa visitação, não há uma sombra sequer e o calor é forte.

Foto de Monica Barros

Pegamos a estrada novamente, e como ir até a capital de Creta é um percurso longo, nada melhor do que ir parando nas muitas atrações que ela oferece. Com isso, 35 minutos depois estávamos em Matala, uma praia inacreditável no extremo sul. As famosas cavernas de Matala dominam o lado norte da pequena baía. É impressionante estar na praia e ver aquele paredão rochoso quase branco cheio de cavernas. Os turistas podem subir por esse paredão, não é uma subida difícil. De lá podem ver de perto esses estranhos buracos e ter uma visão completa dessa parte do oceano. O mais curioso é que essas cavernas foram feitas pelo próprio homem, com o propósito de utilizá-las como tumbas durante o domínio romano.

Após esse passeio incrível chegamos finalmente a Heraklion, já bem no fim da tarde. Nosso hotel na verdade ficava em Amoudara, bem coladinho a Heraklion.

O quarto e último dia em Creta seria dedicado a conhecer o histórico Palácio de Knossos. No centro da capital é onde fica também o Museu Arqueológico, lá estão os objetos achados nas ruínas, uma dos mais importantes do mundo. O famoso Disco de Festos, um marco para a civilização, está guardado nesse museu. A partir de lá é fácil chegar a esse ponto turístico, são muitas placas no caminho e existem várias opções de estacionamento e vários restaurantes e lojinhas em frente. O estacionamento que usamos ficava bem ao lado da entrada e custava 5 euros.

Foto de Monica Barros

O palácio era um complexo onde vivia a civilização minoica, da era do bronze, e é considerado a cidade mais antiga da Europa. Segundo a lenda, dentro desse palácio existia um labirinto dedicado ao monstro Minotauro, daí vem a história do Rei Minos.

As escavações restauraram parcialmente o belo palácio onde haviam centenas de aposentos, colunas majestosas e afrescos retratando a vida na época, além do grande culto ao Minotauro (há chifres por toda parte!). É possível então ter uma ideia clara de como vivia essa civilização que se perdeu no tempo. Não se sabe ao certo porque o local foi abandonado e sua população desapareceu. Algumas teorias acreditam que a explosão do vulcão de Santorini, ilha próxima a Creta, tenha sido responsável pelo abandono.

Foto de Monica Barros

O que mais fascina nesse local é o episódio da mitológica grega que conta que o Rei Minos ordenou a Dédalos que construísse um labirinto no palácio para deter seu filho Minotauro, metade homem metade touro. O príncipe Theseus, de Atenas, foi obrigado a navegar até lá e enfrentar o monstro. Ao chegar em Knossos, Theseus e Ariadne, também filha do Rei, se apaixonaram, e antes que ele entrasse no labirinto ela lhe deu um novelo de lã para que ele conseguisse encontrar o caminho de volta. Dessa forma ele conseguiu matar a grande fera, sair do labirinto e os dois fugiram juntos.

Visitar Knossos e andar na região onde uma das mais famosas lendas gregas foi criada torna ainda mais especial essa ilha.

Quem explorar Creta de carro pode esticar mais um pouquinho até o lado leste. Nossa última parada foi na linda cidade litorânea de Agios Nikolaos. Uma jóia.

No mapa abaixo, o ponto A é Chania, o B é Heraklion e o C, Agios Nikolaos.

O charme da cidade é sua grande marina, que lembra muito o estilo das cidades da Riviera Francesa. Adoramos passear a tarde toda lá.

Estacionamos ao lado do encantador Lago Voulismeni, que merece ser visto de cima para ser contemplado por inteiro, e de lá rodamos a cidade toda à pé.

Foto de Monica Barros

Para terminar passamos o fim da tarde, já com o sol baixando, num dos inúmeros restaurantes ao longo da Mirabelo Bay.

Ficamos contemplando a vista e o ir e vir das pessoas, enquanto saboreávamos a deliciosa e autêntica salada grega. Regada a muito azeite (grego rs) e queijo feta, foi um fechamento perfeito para uma estadia numa ilha fascinante e surpreendente.

Foto de Monica Barros

Como falei antes, Creta tem muitas facetas para todos os gostos. E no nosso caso era só o ponto de partida de nossa viagem pelas ilhas Cíclades. De lá, foi muito fácil pegar o ferry no Porto de Heraklion para chegar a Santorini.  Saímos da terra do Minotauro com a certeza de que é preciso voltar e descobrir muitas outras lendas desse lugar generoso em atrações e beleza.

MonicaMonica Barros esteve na Grécia em setembro de 2012 e contribuiu carinhosamente com esse texto para a seção “O Leitor Viaja”. O texto e todas as fotos são dela. A Grécia é apenas um dos países que ela carrega na listinha enorme de lugares incríveis já visitados pelo mundo.

32 comentários sobre “Ilha de Creta (Grécia)

  1. Olá, Mônica! Obrigado pelo seu post, informações valiosas!
    Uma pergunta: como vc fez quanto ao aluguel do carro? Pegou em Chania e entregou em Heraklion (ou Agios Nikolao)? Houve cobrança extra por devolver em cidade diferente?
    E foi preciso apresentar carteira internacional de habilitação?
    Estou indo à Grécia com minha namorada no final de abril, e ainda estávamos em dúvida sobre ir ou não a Creta… Mas seu post contou muitos pontos a favor 🙂
    Abraço,
    Carlos

    • Olá Carlos! Sim pegamos em Chania e devolvemos em Heraklion, nao houve cobrança por devolver em outra cidade, o que nao costuma acontecer. Valeu pois a locadora ficava relativamente perto do porto, onde pegaríamos o ferry para Santorini.
      Nao tivemos que apresentar a carteira internacional, mas nós temos essa habilitação para o caso de pedirem. Que bom que o post te inspirou! Creta vale muito a pena!!!

  2. Pingback: Ilha de Creta (Grécia) – Parte Leste | Vamos Pra Onde?

  3. Eu fui exatamente pro outro lado da ilha, de Heraklion para o leste, ficando em Elounda e conhecendo lugares incríveis como Vai Beach e a Ilha de Chrissi! Até pensei em escrever contando, mas achei q ninguém ia se interessar mto por essa ilha e/ou por esse lado! hehehehe

    Agora me deu mais vontade ainda de conhecer o resto de Creta!!!

  4. Muito bom, post com o roteiro completo! A ilha é belíssima, o povo é simpático, come-se muito bem e barato e as estradas são sinuosas, mas de piso bom. A ilha, como diriam os gregos, é “megalolegal”!

  5. Meninas, obrigada Vanessa, Katia, Larissa, Di, Cris, Fabiane!!!!! Espero que ajude a inspirar muitas viagens para esse lugar fantástico.Fotos e palavras não podem descrever com justiça essa ilha, vcs precisam ir ver!!!!!!!!!!!!

    Bjoss

  6. Di obrigada!!!!!!!!!! Olha além de ser maravilhosa a Grécia não é cara!!!!!!!!!! A comida mediterrânea é deliciosa e barata! Noooossa muita saudade de lá…
    Tb não sei como fazer pra ir a todos os lugares que quero conhecer, e ainda quero voltar à Grécia! rsrs
    Tem várias fotos lindas é que não dá pra mostrar tudo. Ah! e as fotinhos do mar de Fragkakastello não entraram aqui mas foi um dos que mais gostei tb!

    Bjosss

  7. Que almoço foi aquele no Restaurante Ostria??? Amei!!! Além dos camarões maravilhosos que restaurante é esse super grego!!! E a montagem dessa foto, ficou muito massa!

    E que lago é esse??? Nem sabia que existia lago dessa cor? Esse tal Kournas Lake!

    Um palácio mais antigo de toda a Europa, poxa Monica assim não vai dar tempo de eu fazer todas as viagens que eu quero, não é justo!

    E só fato de a ilha ser a ilha do Minotauro já vale a visita né… Monica. Arrasou!!!

    Muitas palmas!!!

    Beijos. Di

    E Raquel parabéns pelo Layout do blog e pelos mapinha do maps que você coloca a cada local! Muito legal! Beijos.

  8. Que bom que o post dá vontade de conhecer mais da ilha! Eu também fiquei com gostinho de quero mais e certamente quero voltar!!
    Obrigada pelos comentários!!!!!

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